quinta-feira, 30 de maio de 2013

Tapete de sal no tempero para a JMJ


Sempre tive curiosidade sobre esses tapetes de sal. Na madrugada deste 30 de maio de 2013, estive no Centro de São Gonçalo para acompanhar como se faz o maior tapete de sal da América Latina. O pessoal começa a chegar por volta das 17h do dia anterior ao da procissão. Para confeccionar os desenhos, os fiéis adicionam corantes ao sal grosso. Com o apoio de moldes, fica mais fácil executar criar formas e mensagens. Este ano a Igreja Católica forneceu 50 toneladas de sal grosso e dois mil quilos de serragem (utilizadas nas margens) para produzir os 240 quadros. No dia da festa, a procissão de Corpus Christi passa sobre o tapete e o dissolve. Uma festa! Os jovens eram os mais animados. Afinal, estão nos preparativos finais da Jornada Mundial da Juventude, de 23 a 28 de julho, aqui no Rio de Janeiro, quando receberão o papa Francisco. Diga-se de passagem: nunca um argentino foi tão aguardado no Brasil. A jornada esteve presente em grande parte dos tapetes. Neste vídeo, a secretária Mayara Costa explica um pouco sobre a arte de produzir os famosos tapetes que colocam São Gonçalo em destaque nas américas.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A última missão


Após a guerra, pilotos se reuniam todos os anos para um brinde. Pela primeira vez, ninguém apareceu


Um grupo de rapazes bebia alegremente no pub, quando alguém decidiu: “Está tão legal. Vamos nos ver todos os anos neste mesmo lugar para selar nossa amizade.” E assim, eles passaram a se reunir e a brindar naquela data. Até que um dia apenas um velhinho apareceu para brindar a amizade.
Ouvi essa história durante uma aula, ainda na faculdade, e sempre a tive como exemplo de uma grande amizade. No dia 22 de abril, pude testemunhar caso semelhante. Na festa da comemoração do Dia da Aviação de Caça, pela primeira vez, desde 1945, nenhum dos pilotos que combateram na Segunda Guerra Mundial esteve presente. Apenas dois veteranos ainda vivem: os brigadeiros José Carlos de Miranda Corrêa e Rui Moreira Lima, mas - ambos doentes - não puderam comparecer.
Um dos símbolos da amizade entre os pilotos do famoso Senta Pua era a encenação da “Opera do Danilo”. Nada mais do que o incrível relato de Danilo Marques Moura, piloto que, depois de abatido, caiu de pára-quedas nas linhas inimigas. Por um mês, fez tudo ao contrário do que ensinava o manual militar. Andava na estrada principal durante o dia e chegou ao cúmulo de pedir cigarro a um oficial alemão. No salto, como havia mordido a língua, tornava indecifrável qualquer coisa que falasse, sem levantar suspeitas entre os alemães.
Ao chegar ao lado aliado, encenou com os companheiros a aventura. A parodia chegou a render, após a guerra, apresentação memorável no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Todos os anos, os pilotos repetiam a encenação no Dia da Aviação de Caça.
Nas comemorações deste ano, jovens pilotos, em respeito à tradição, apresentaram a peça, mas pela primeira vez sem a presença dos personagens reais da histórica missão. Na exibição, homenagem ao brigadeiro José Meira de Vasconcelos, que morreu de infarto em março.
Meira era conhecido como O Garoto - Referência à aparência juvenil quando desembarcou na Itália, aos 21 anos, porém com cara de menino de 15 ou 16 anos. Conheci o brigadeiro em 2009, quando fiz série de reportagens sobre os 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial.
Na ocasião, convidei-o a visitar um P-47, o avião com o qual os pilotos brasileiros aranhavam os céus italianos em busca dos alvos alemães. Foi comovente vê-lo contemplar a aeronave no Museu da FAB, no Campo dos Afonsos. Lembrou-se de como se puxava um pedal de apoio na lateral do modelo, para impulsionar a entrada na cabine. No interior, segurou o manche. Parecia que não estava mais ali. “A sensação é de que estou em 1945 e vão abrir o hangar para eu decolar. Estou voltando no tempo...” Parecia, de novo, um garoto.